An ode to parents: go away, get out of here (the internet)

Cheguei em casa esses dias e me espanto ao ouvir minha mãe vir falar comigo, primeiramente.
Segundo com o motivo dela vir ao meu quarto me mostrar algo.
Terceiro, ela me vem com vídeos dignos de apocalipse zumbi.

Esses virais de "nova droga". "Deixa as pessoas loucas, canibais", "crocodyle, ou cloud nine".
First of all, YES ZUMBIAPOCALYPSE!

Outras coisas que me vêm a mente é ela (minha mãe) falando, a mais de 10 anos atrás pra eu não acreditar em quase nada vinda da internet. E sim, esse meme é a mais básica realidade do nosso novo sistema de inclusão digital. Os nossos pais estão na internet, e sim, isso é um lixo. Para você e para eles - e hoje eu irei falar as causas e efeitos.

E não, não apenas porque a vida virtual ficou cerceada. Não, pois ainda conseguimos driblá-los. 
Básico.

Mas a questão é... o que de bom tem em pessoas velhas estarem entre nós, virtualmente?
Eu lembro de um episódio no futuro dos Simpsons...

Holidays of Future Passed gif
Faz uns dois anos que eu entrei numa discussão acerca do quanto valor errado as pessoas dão à internet. Eu falava com um tio meu, que na época era contra entrar na onda do "zapzap". Porque "é muita fofoca", "só serve pra perder tempo", "gasta-se muita energia", etc. Ele não é tão velho, mas concordei com ele pelo fato de que: sim, todos os argumentos são válidos, e outra porque pessoas velhas acabam com a internet.

Eu concordo com a inclusão digital, mas é que existe uma coisa toda especial em ter crescido na era da internet. As redes evoluíram e nós fomos forçados a evoluir junto. Pelo menos uma parte de nós.
Sabemos que chamar alguém de feio é errado e que chamar alguém - negro - de macaco é crime (não, Danilo Gentili, você não é jovem), sabemos que passar a mão em alguém e postar que fez isso na internet pode nos causar problemas como desemprego no futuro (bem próximo, senhor José Meyer), sabemos que tudo o que falamos pode se tornar viral e por isso, bem... nos contemos, ou não, sobre o que expomos.

Mas existe uma consciência coletiva, pelo menos por uma parte das pessoas da minha geração. Essa que foi alertada pelos pais que ainda não entendiam nada, mas que viam notícias sensacionalistas e morriam de medo do que fazíamos. Avisados, nós percorremos e vasculhamos, e entendemos a internet; Talvez não a posterior. A geração dos anos 10' depois de internet sabe que colocar um porquinho da índia num microondas pode te dar visibilidade, então, medo de quantos potes de nutela ainda serão despejados no mundo, muitas foquinhas e muitos "sabe qual a diferença entre você e o cubo mágico?". O exagero é algo sentido em qualquer sentido, qualquer lado dos aspectos. A gente vai ter que esforçar um pouco pra achar um meio termo novamente.

Voltando às pessoas velhas...

Quando eu vejo alguém assumidamente reacionário na internet, com uma cara jovem, eu não penso que é ele dizendo aquelas barbaridades. Eu vejo uma pessoa velha, que lhe mandou, resumiu e estagnou por anos de educação, incutindo seus pensamentos retrógrados; e incrivelmente, no final das contas, o desejo interno de muitos é cantar Elis Regina a plenos pulmões e (pasmem) com orgulho: "Apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais". Como quase sempre, tirado de contexto por sentido, o resto da música e até pelos motivos dessa letra ter sido escrita.
Não acho exagerado acreditar que seja um recalque tamanho sobre a nossa nova, e a muito custo conseguida, liberdade de expressão.

Essas mesmas pessoas são as que movimentam um mercado promissor, o de notícias falsas. Elas normalmente são construídas para movimentar a massa pra onde você quer que ela vá. E como nossos pais (e tios e avós, vizinhos até) normalmente esquecem da regra básica de desconfie de tudo o que você lê e vê na internet, as coisas ficam piores do que só haver click baits. Os click baits são aquelas chamadas sensacionalistas; que eles estão acostumados a verem desde que a televisão se tornou um show de horrores (sobre esse assunto, recomento o filme Christine). 
Com as pessoas ganhando por reproduzir e criar conteúdo não relevante, e na sua maioria, falso, há sempre quem use essa estratégia para fins políticos. E é aí que o bicho pega.
Eu não teria problemas com os grupos de família do Whatsapp se eles só postassem notícias como os do Fatos Desconhecidos. "Veja o maior canino do mundo, pesa mais que um cavalo". Esse tipo de coisa não mudaria nada, não faria diferença na vida de ninguém, nem sacanearia alguma minoria já historicamente desfavorecida (e que eles sempre estiveram acostumados a falar mal), como é o que acontece na realidade.

Assim como eu falei no texto O Brasil não está preparado para a arte?, além de se acharem melhores, ainda cometem crimes por se acharem demasiadamente acima das regras básicas da boa convivência na internet. Eles desconhecem, ou ignoram baseados "no que concerne a mim - um conceito". Parece que se você se considera uma boa pessoa, você pode simplesmente ignorar crimes cibernéticos, porque "não sou uma pessoa criminosa".
Deus sabe que de boa intenção o inferno se enche.

Daí acham ruim quando os chamamos de ignorantes (mas isso é algo que falaremos num outro texto).
Às vezes não queria que fosse legal estrangular um filho?!
Não desde que aprovaram a "Lei Homer"
De qualquer jeito, coisas vêm acontecendo, e tirar pedacinhos de informações para o que se deseja defender não é apenas um ato ignorante, é um ato de ódio. Ódio esse que mata pessoas. Então, sim, se o artista da performance que aparece nu, fora de contexto com uma criança, for encontrado morto... o sangue estará nas mãos de todos os que compartilharam a imagem sem saber de onde, quando, quem e porque, e principalmente, qual era a intenção de quem tirou a cena de contexto. E por quem começou a onda de ódio sensacionalista.

Se você está nas trincheiras do lado de pessoas matariam por ódio e preconceito, é melhor dar uma olhada sobre o que você está defendendo. Quem você está defendendo e POR QUE VOCÊ ESTÁ DEFENDENDO.

Está defendendo porque quer dar orgulho aos seus pais? Deixa eu soltar uma outra bomba:
Eles é que baixaram a cabeça pro mundo de hoje. Eles não fizeram nada pra impedir o que acontece hoje. Tudo o que você vê de ruim hoje foi porque eles não estavam cientes ou não se importaram o suficiente pra mudar. Tem certeza que quer honrar os ideais deles?

as decisões, talvez erradas da Lisa

mas como mãe, ela irá fazer de tudo pra ir atrás e xeretar tudo o que não deveria, e deixar de lado o necessário

Eu mantenho um blog desde 2010 (é até mais antigo, mas deixa quieto). Ninguém da minha família o lê; se lesse não falariam ou falariam ainda mais de certas coisas comigo. Por isso digo que se eu anunciasse minha morte aqui, ninguém me impediria.
Minha amiga, que morreu em 2010, ela também tinha um blog. Tenho quase certeza que os pais delas, se viram suas postagens em alguma hora, foi tarde demais. Ela se matou sem maiores cerimônias, e até onde eu sei, ninguém sabe as suas motivações.
Se a internet fosse um canal que promovesse a comunicação entre uma geração e outra, eu apoiaria.
Mas continuo recebendo vídeos aleatórios, saindo de grupos familiares e me isolando dessas pessoas que não conseguem pensar fora do que acreditam ser verdade. Uma realidade construída para que elas não saíssem de suas vidas de bolhas.

A verdade delas não é à parte da realidade do mundo. 
E se você escolhe acreditar em quem melhor representa a sua ignorância, eu prefiro ignorar a sua existência virtual e me manifestar sobre coisas reais e importantes com pessoas que estão fora dessa matrix.

Assistam ao episódio de Os Simpsons (S23 EPI 9) pra ver o final da história da Lisa e da Zia. É esclarecedor e um ótimo material pra se pensar sobre o assunto.
Vejam, leiam, se informem.

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